terça-feira, 17 de julho de 2007

Estupidificar... (Parte 1)


Deixa eu ficar te olhando novamente?
Com o rosto bem perto. No aperto de nossas confusões e de nossas mãos.

Deixa eu chorar ao teu ombro novamente?
Com as lágrimas descendo o vale de nossas loucuras e imperfeições.

Deixa eu te fazer carinhos novamente?
Com as minhas palmas em tua alma.

Deixa eu te falar novamente?
Com a esperança que se move nas costas e nos espelhos da nada, do invão, do não.


Eu passaria as minhas tardes olhando para o movimento através da tua janela...

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{Ouvindo: The Penguin Cafe Orchestra - Hallfield Piano Idea 1}

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quinta-feira, 12 de julho de 2007

''O amor cravou quinhentos caules de rosa em minhas costas''

Para só me deixar enxergar o que reflito.
As miragens e reflexos do que não consigo abraçar sem esforço.

Para me embelezar, me neutralizar. Me deixar de bom ar.

Para arrancarem os meus espinhos. Para me fazer chorar.



O amor me quer em vermelhas esculturas de si mesmo,


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{Ouvindo: Pat Metheny Group - Imaginary Day}

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Imaginário do depois.

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-E eu nunca mais vou sentir tuas pernas, meu Taludinho.
-E eu não verei a sua costa,Blackinha.
-Você fazia parte dela. Você não sabia de nada. Eu nunca deixei você ver mais. Tinha medo. Tinha vergonha.
-Não importa mais. Vi o que pude. Vivi.
-Queria você ao meu lado ao menos por mais um dia. Mostraria-te.
-O tempo foi injusto contigo. Já não há tempo, preciso ir.
-Ele me deu pouca chance.
-Ele deu chance sim. Você que tinha medo, como você acabou de falar.
-"Deixe-me ir, preciso andar... vou por aí a procurar"
-Isso!Escuta todos aqueles sambas que não cantei para ti. Ouve tudo aquilo que te mostrei. Não esqueça de mim.
-Não esquecerei. Em todo carnaval vou lembrar. Em todo trombone vou lembrar. Em todo Hermeto vou lembrar. Em todo sopro...
-Só não vale tristeza.
-Só não vale ser tão cedo. Ainda tinha tanta coisa. Você não verá minha costas.
-Cedo. Não sei o que falar sobre isso.
-Não consigo e não quero acreditar que você está indo embora... Eu vou sentir muita saudade! Muita!
-Vou sentir saudade, também. Sentir de muita coisa. Ou talvez, nem lembre de mais nada para sentir saudade. Eu sei que essa viagem me fará muito bem.
-Quero chorar. Abraça-me?
-Claro! Mas... não quero ver você chorando.
-Então, eu escondo meu rosto em teu corpo, assim não vais me ver.
-Corpo? Esquece! Tenho que ir, lembre-se de fazer o que você queria.
-Quando eu conseguir fazer, eu vou lembrar você. Quantas vezes você não ouviu meu desejo?
-Desde que nos conhecemos.
- Eu te amo. Eu te amo.
-Minha hora chegou. Fica bem, certo? Se você ficar mal eu não vou conseguir ir tranqüilo. Promete que vais ficar bem?
-Prometo. Eu te amo.
- Ô, minha Blackinha...manhosa...



Ele vira e vai caminhando em direção ao seu trem. Ela o olha para última vez, depois se olha no espelho da estação primeira. Volta o olhar para o caminho do trem e não o encontra mais. Não consegue mais ver um rastro dele em qualquer parte. Ela corre pelo caminho que ele deveria fazer. Quantos espelhos... quantas pessoas. Uma zoada.

-"Cade ele? Sei que ele ainda não entrou no trem. Impossível. Ele ter sido tão veloz, eu só tinha virando o rosto para ver meu reflexo".

Ela não sabe o que faz. Sem reação, ela se encosta na parede da estação, e sente o frio passar por todas as partes do seu corpo, se deleita com isso e senta. Fica sentada, olhando as pessoas partirem, voltar, se encontrar, se abraçar, beijar, chorar, cantar...


Acha engraçado como essa grande movimentação acontece e ela está tão parada.

Tão estática e com frio, que ninguém notaria, ao menos, sua respiração... Nem ela mesma...

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domingo, 1 de julho de 2007

Co.igo


Comigo. Contigo.

Ela caminhava envergonhada e se banhava em àguas de simpatia.

Ela sentou na mesa e a olhei da janela, via o roxo se tornar colorido em seu olhar.
Ela veio para janela, ouvimos músicas, sorrimos e alçamos vôo em luzes claras de uma noite estrelada.

Comigo. Contigo.


Como dois peixes-voadores, ficamos no intermédio de dois limites. Nunca esquecendo de sentir o doce vento que sopra quente nos pés descalços e vivos.
Em pouco tempo, em ínfimos dias de inverno, já tinha divido meus agasalhos, minhas luvas, minhas dúvidas, minhas histórias, meus projetos, meus relatos com ela.


Contigo. Comigo.


Não! Não! Não, apenas, não somente.

Havia divido meus dias, minhas horas, minhas maiores alegrias...

O tempo foi pouco para nós. O tempo ainda é muito para nós. O tempo será o que for para nós.



Contigo. Comigo.


Ela me encantou. E eu canto em sorrisos os instantes felizes de nossa, nova e cheia de vida, amizade. Ela é uma pequena menina, de olhos caprichosos de inocência e malícia (antítese que carrega). Ela traz consigo muito carinho, isso é fato.
E um andar criança que é interrompido pelo desconhecido, ou pelo medo de fazer mal-feito ou perder o afeto do certo.


Comigo e Contigo.

De mãos dadas. Até que nossas mãos se tornem uma só.

Ou até, que não seja mais necessário membros, partes e face.
Bastará só os momentos na lembrança, no coração, para saber que estamos ligadas, em qualquer tempo e espaço.

Longe, perto, no concreto ou no abstrato. No ontem, no hoje, até...


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(Texto escrito para Lari's)

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{Ouvindo: Funk Como Le Gusta - Call me at cleo's}
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